domingo, 5 de julho de 2020

É uma prática delimitada, que tem a função de obter a descrição e compreensão de modo global da personalidade do paciente ou também do grupo familiar.                                                                          
Método diagnóstico criado especificamente para explorar as funções executivas e emocionais das pessoas. . A técnica permite estudar a atividade e o funcionamento dos sistemas cognitivos cerebrais por meio da exploração das capacidades humanas superiores.
Observação de como a criança brinca espontaneamente construindo seu conhecimento e investigando o mundo ao seu redor.
Palestras e capacitações para profissionais das áreas da saúde e educação.
Suporte extra de aprendizagem, como o currículo funcional, currículo adaptado, plano de ensino individualizado e formas diferentes de avaliação.
Psicopedagogia
União da Psicologia e Pedagogia. O estudo de psicopedagogia fornece as ferramentas para participar das diferentes fases em todas as áreas do processo de ensino e aprendizagem.
Prática terapêutica que tem como objetivo conduzir o cliente, individualmente ou em grupo, ao conhecimento de si mesmo. Visa a estimular o crescimento interior, abrir novos horizontes, ampliar a consciência do indivíduo sobre si e sobre sua existência e o desenvolvimento da personalidade.
Estudo científico dos processos mentais e do comportamento do ser humano e as suas interações com o ambiente físico e social. O objetivo da psicologia é diagnosticar, prevenir e tratar distúrbios emocionais e doenças mentais.

CRP: 06/41029
Psicóloga Clínica e Escolar, Pedagoga Especialista, Psicopedagoga, Neuropsicóloga, Arteterapeuta, Psicoterapeuta on-line Licenciada pelo E-psi do Conselho Federal de Psicologia.
Atuo na área da saúde mental e educação inclusiva há mais de 32 anos.

Se existem três polaridades psíquicas (eu-objeto, prazer-desprazer, e atividade-passividade), o amor, diz Freud, não pode ter apenas uma antítese, mas sim três: amar, odiar e ser amado. Os critérios para amar, como vimos, são constituídos na segunda fase do auto-erotismo e são comandados pelo regime do princípio de prazer. Então, amar se torna sinônimo de satisfação auto-erótica, e odiar se liga a tudo que é associado ao desprazer. As antíteses amar-odiar e amar-ser amado remetem para o mecanismo de uma das vicissitudes das pulsões — a reversão ao seu oposto. Esse mecanismo apresenta dois processos distintos: a mudança da atividade para a passividade e uma reversão de conteúdo. Amar-odiar apresenta um procedimento análogo a um dos processos de reversão das pulsões, que é a mudança de conteúdo: a transformação do amor em ódio. A dicotomia amar-ser amado remete para outro procedimento do processo de reversão, que é a mudança de atividade para passividade. É preciso deixar claro que não estou afirmando que o amor é uma das vicissitudes das pulsões. A intenção desse paralelo diz respeito exclusivamente a um modo de operação. Ou seja, os mecanismos que entram em cena nas duas antíteses do amor são os mesmos que regem os pares opositivos escopofilia-exibicionismo e sadismo-masoquismo. Algumas questões devem ser destacadas em relação à dicotomia passividade-atividade. A atividade se liga ao ver (voyeurismo), ao torturar (sadismo), ao amar e ao odiar. A passividade se relaciona com ser visto (exibicionismo), ser
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torturado (masoquismo), ser amado e ser odiado. Tanto as pulsões e suas vicissitudes como o amor podem inverter a finalidade ativa para passiva ou vice-versa, assim como podem se dirigir a outro ou à própria pessoa. Neste último caso, a mudança de objeto e a transformação de atividade em passividade coincidem. Tanto a pulsão escópica quanto o amor se constituem no auto-erotismo: o próprio corpo é objeto do olhar, assim como o eu do prazer é objeto do amor. Não é por acaso que o discurso sobre o amor na literatura associa freqüentemente o olhar ao desabrochar do desejo ardente e ao anseio de união de dois seres em um. Enfim, tanto o amor como as pulsões se fixam em certas representações, conduzindo o sujeito ao retorno de fantasias, ligadas às fases libidinais, às relações de objetos e às identificações, como se o tempo tivesse ficado parado. Uma coisa é transitar nos lugares de amante e de amado, outra é ficar aprisionado em um desses lugares. A idealização do outro ou de si mesmo exige provas que ratifiquem a imagem fixada pelo olhar. Ingressamos então no regime da tirania governado pelo recalque: reino da paixão, império da dor, inferno das frustrações. Assim o amor se declina em demandas que se multiplicam e que nunca se satisfazem, transformando-se em ódio num piscar de olhos. Querer o bem do outro ou de si mesmo exige não só uma grande quantidade de investimento libidinal, mas também a submissão a uma imagem feroz. Qualquer deslize desencadeia o sentimento de culpa e a necessidade de castigo. Castigar o outro ou a si mesmo em nome do Ideal como Bem é o destino das paixões humanas.Do amor narcísico, fundido e confundido com as pulsões sexuais, ao amor que se inscreve nas pulsões do eu e aspira ao todo, Freud elabora uma teoria em que o amor e o ódio, como duas faces de uma moeda, são moldados pela ambivalência. Essa descoberta, sem dúvida, deita por terra as apologias de paz feitas em nome do amor e desmistifica a mensagem judaico-cristã de fraternidade expressa na máxima do amor ao próximo. Mais uma vez vamos recorrer aos poetas que sempre souberam do parentesco do amor com o ódio. Escutemos um soneto de Camões: “Mas como causar pode seu favor/ Nos corações humanos amizade,/ Se tão contrário a si é o mesmo Amor?” Numa entrevista dada ao jornalista George Sylvester Viereck, em 1926, Freud apresenta uma síntese da abordagem do amor em sua obra. Afirma que no começo supôs que o amor tinha toda a importância. Depois (referindo-se ao texto Além do princípio de prazer), viu que a morte é companheira do amor. Juntos, amor e morte regem o mundo. A morte anseia pelo nirvana, pelo seio de Abraão, pela cessação da “febre chamada viver”. Assim como o amor e o ódio moram nos corações humanos, a vida conjuga o desejo de viver com o desejo de destruição. O objetivo derradeiro da vida não é o amor, mas a extinção da própria vida. Mesmo assim, o véu transparente que envolve a vida, com a função de velar a morte, não desfaz a fantasia do amor. Freud não era um pessimista. Justamente por isso ele nos diz que, mesmo tendo descoberto a intrínseca relação da vida com a morte, esse saber não o impediu de apreciar a companhia de sua mulher, os seus filhos, o pôr-do-sol, o
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crescimento das flores na primavera, a mão amiga que de vez em quando apertou a sua mão, um ser humano que quase o compreendeu...
De Freud a Lacan: o amor de transferência
No Seminário 1 quase no início do oitavo capítulo, Lacan afirma que Freud, em seu texto Observações sobre o amor transferencial (1915), não hesita em chamar a transferência pelo nome de amor, não evita identificar a estrutura desse amor com a paixão e também não se esquiva de dizer que não há nenhuma distinção verdadeiramente essencial entre a transferência e o que chamamos de amor. Então, falar da descoberta do amor de transferência (assim chamado porque se refere ao amor do analisando pelo analista) no decorrer de um tratamento só poderia nos levar a uma história de amor. Tudo começou com Breuer e Anna O., tendo Freud como testemunha. Josef Breuer, médico vienense que inventou o método catártico para o tratamento da histeria e que escreveu Estudos sobre a histeria junto com Freud, é procurado no ano de 1880 por uma jovem, à época com 21 anos, que se chamava Bertha Pappenheim e que foi celebrizada pelos estudos psicanalíticos como Anna O. (Também em seu país Bertha teve um lugar de destaque. Aos trinta anos, se tornou a primeira assistente social da Alemanha. Em função do seu trabalho, depois da Segunda Guerra Mundial foi homenageada pelo governo alemão com um selo que tinha sua
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foto.) Anna O., vamos chamá-la assim, foi procurar Breuer, apresentando vários sintomas histéricos, ligados à doença e à morte de seu pai. Como não podia deixar de acontecer em uma história de amor, aparece um terceiro: Matthilde, esposa de Breuer, começou a ter ciúmes dessa paciente, porque seu marido não falava de outra coisa a não ser esse caso. Após dois anos, Breuer, percebendo o ciúme de sua mulher, resolveu terminar o tratamento, já que o estado de sua paciente tinha melhorado bastante. No mesmo dia em que participou a Anna O. essa decisão, ele foi chamado às pressas e encontrou-a em estado de grande excitação, apresentando sintomas de um parto histérico (pseudociese). Breuer resolve hipnotizá-la para tirá-la da crise. No dia seguinte, viaja com sua mulher para Veneza. Trinta anos se passaram até Freud nomear o amor de Anna O. por Breuer de amor de transferência.






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